quinta-feira, 26 de julho de 2012

SOBRE O MOMENTO CERTO DE SE MOSTRAR UMA CANÇÃO


Quando o teu tempo e o meu tempo convergirem,
Quando compartilharmos o exato ponto
Onde dois corpos quase ocupam o mesmo lugar no espaço,
Quando a gota de chuva que molha o rímel do teu cílio
Explodindo em inúmeras menores gotas negras
Sarapintar microscopicamente a ponta do meu nariz,
Quando a minha respiração e a tua respiração formem um vapor esquisito,
Quando a ponta do teu peito no frio da chuva
Espetar a pele do meu peito por cima de duas camadas de tecido
Que os separam,
Quando a flor do ipê amarelo estiver indecisa sobre onde cair,
Se em ti ou se em mim,
Ou uma banda em cada,
Como um raiozinho de sol teimoso no meio de tanta água,
Neste momento te mostrarei minha canção azul.

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