domingo, 6 de dezembro de 2009

Tudo o que é conceitual demais, enjoa.

Comentário muito breve, quase lacônico: quando se tenta ser conceitual ao extremo, mesmo depois de Oscar Wilde haver afirmado que o público deve se tornar artístico, e não a arte popular, o resultado é grotesco, quase sempre. Uma obra de arte hermética, sem qualquer forma de comunicação com o espectador, poderá agradá-lo realmente?
Voltarei a falar sobre isso daqui a pouco tempo, espero.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Continuação das reflexões sobre o episódio do celular


Nota: a fotografia chama-se "Coisas de adultos"

O que me causa espando no episódio dos dois adolescentes e a playlist do celular é o processo de coisificação a que se submete voluntariamente o ser humano no capitalismo tardio. Tal mutilação da consciência é algo deveras preocupante. A possibilidade da experiência estética decorrente do contato com a música é substituída claramente pela observação da posse ou não de determinados hits na memória dos media players e sua avaliação conforme a idade de cada canção.
Quando o jovem mancebo afirma categoricamente que o celular de sua colega é "bom", pois as músicas ali armazenadas são muito recentes, observa-se um fenômeno curioso: não é a mercadoria "celular" que é avaliada naquele momento, pois, por sua capacidade de reprodução de arquivos mp3 já se pressupõe que este seja atual - de acordo com critérios mercadológicos.
O que há de se destacar é o componente comportamental do referido episódio: a finalidade a que o aparelho é destinado, que é a de divulgar gratuitamente a repetição do sempre-igual em músicas lançadas sob rótulos diferentes; tal comportamento (pelo que se pode observar) é algo que se busca entre os adolescentes como forma de inclusão social e alcance de popularidade. O uso da mercadoria torna-se mais importante do que sua posse, já que a pressupõe.
Os comportamentos estereotipados e a repetição mecânica das ordens ou comandos proferidos pelas canções tornam-se o padrão aceitável socialmente. Identifica-se com a coisa na tentativa de ser como ela. O espelho em que se mira o sujeito é sua heteronomia sedimentada na superfície pálida onde imprime a máscara a ser usada como identidade aceitável. Cada quadrado, como diria a canção, faz parte da imensa caixa de entrega repleta de re-action figures organizada de acordo com o gosto que fora determinado para sua idade, sexo ou classe social. Enquanto isso a barbárie destrói laranjeiras sob a flâmula da libertação do campo.


O gato branco
E seu olhar de gente curiosa fitam meu colete à prova de mim

Uma mosca distrai o gato branco
Enquanto
Mosco em meu sofá azul - que existe -

O gato e seu olhar
São dois

O fogo dança
Na lareira que não existe
Na lareira de que não preciso
Na lareira.

O fogo e sua dança
São muitos
Que não sei contar.

Quantos sou enquanto mosco
Em meu sofá azul?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sobre a fetichização da música e as "rock bands"



Há aproximadamente sessenta anos atrás questionava-se a fetichização música e sua redução ao simples formato do refrão, da repetição fatigante das mesmas frases que nada tinham a dizer, ou ainda, da sua redução à repetição do tema, o que adestrava sobremaneira o ouvido para reconhecer imediatamente os produtos da indústria fonográfica. Era um motivo de grande preocupação para os teóricos da área, uma vez que a própria música deixava de ser uma forma de expressão artística autônoma para tornar-se mais uma mercadoria, com seu obsoletismo precoce muito bem definido pelas paradas de sucesso.
O que fora afirmado acima já era um pesadelo para os defensores não só da música, mas como de qualquer manifestação artística que se pretendia séria. Hoje em dia, os "heróis da guitarra" e as "bandas de rock" (evolução das bem-sucedidas máquinas de "Pump", jogo de fliperama que tem como objetivo pisar rapidamente nas cores pré-determinadas que a máquina irá ordenar, simulado uma dança, em virtude do frenesi em que as cores são mudadas na tela e da música que acompanha tal processo), são a radicalização da perda de percepção estética dos indivíduos. O mecanismo é o mesmo das máquinas de pump, ou seja, no brinquedo em forma de guitarra ou de bateria existem botões coloridos, e estes devem ser acionados de acordo com os comandos que surgirem na tela, de modo que, se for executada a sequência correta, o indivíduo marcará mais pontos no jogo. Quem repetir melhor e com mais rapidez o processo marcará mais pontos, e assim sucessivamente. Não há mais espaço para o aprendizado de técnicas reais de execução de um instrumento musical. Não há mais espaço para a criação de músicas. O sujeito é, por vontade própria, aprisionado em frente à tela do computador, da televisão, do celular, para repetir passivamente os comandos que lhe são dirigidos como um bizarro imperativo categórico, uma vez que não há fim a se buscar em tal processo: a repetição passa a ser um um fim em si mesmo, independente do prazer que o indivíduo alcançará (na realidade, não há prazer, mas o cumprimento de uma ordem que se torna elemento constitutivo do próprio sujeito). O que devemos pensar sobre isso? Qual o próximo passo na reificação do sujeito? Se me for permitida a comparação com o openkore, nos comportamos como verdadeiros bots, que seguem as linhas de comando pré-determinadas pelo capitalismo tardio. A cultura do refrão limitava a criatividade do indivíduo, que, em seu processo criativo, já visualizava o próprio refrão como objetivo de uma canção a ser composta, que "faria sucesso". Já a cultura das "rock bands" leva a cabo o que fora dito na Dialética do Esclarecimento, a respeito de nos assemelharmos aos computadores, mas como cópias imperfeitas destes.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

E a música continua a fazer parte de nossa vida


Serei breve nesta postagem. Chamou-me profundamente a atenção um diálogo entre dois estudantes de ensino médio da cidade de Marabá, enquanto esperava minha mulher na escola em que trabalha. Professor Patrick, profundamente concentrado em seu joguinho do celular (aproveitando seu momento de ócio para pensar em nada), percebe a insistência de um adolescente para ouvir as músicas da playlist do celular de sua colega. Depois de muita insistência, a garota permite a ação - e o início da minha reflexão. O rapaz pressiona o botão de avançar a lista muito rapidamente, e para em algumas músicas para comentar, dizendo "esta é nova", "esta é velha", "esta é arcaica, credo!". Em algumas canções até realiza uma breve parada para ouvi-las por três segundos e avançar para a seguinte. Ao final da lista, sem ter ouvido qualquer canção, afirma: "muito massas as músicas do teu celular". Isto me faz pensar em muitas coisas, e dará muito "pano pra manga" nos próximos dias. Espero conseguir escrever mais a respeito.



domingo, 20 de setembro de 2009

UM GALO, UM CÃO E UM GATO




UM GALO, UM CÃO E UM GATO

Já misturamos nossas vozes
Mãos e cordas no mesmo som
Dançamos embaixo dos anúncios
No meio de nossa canção

Escrevemos que rimar é brega
E é brega rimar amor
Cantamos que rimar é brega
E é brega cantar o amor

Um galo canta de longe
Um cão late na porta
O gato dorme ao sofá
E eu também não mio

Fora do lugar
Não precisa fazer sentido
Sem tudo que quero
Utilizo o que tenho e não reclamo

Se tem tempo de chorar
Faça uma canção
Se for de amor, saiba que será brega

E quem disse que ser brega não é uma coisa boa?

(Marabá, 20/09/2009)






segunda-feira, 31 de agosto de 2009

CORAÇÃO GRAFITE (27-08-09)
Tentei chamar de volta o teu segundo filho
Mandei até um telegrama caro que voltou
Um recado quando encontrei o teu novo vizinho
Nunca retornou
Seja muito ou seja pouco
Quero voltar a sentir
Não importa se perdi ou não
Capacidade de dizer
Escrevi teu nome com carvão
Na parede que nunca pega chuva
Do lado um coração grafite
Marca o que você não quis
Chute o balde
Chute a lata até amassar
Chute à perna manca
Amor ou dor
Que sinta algo o coração.
XD

Simulado 2009 da Escola Gaspar Vianna


No último sábado (29-08-2009) realizou-se o 1º Simulado 2009 na escola Gaspar Vianna. Participaram da prova os alunos das três séries do Ensino Médio, dos turnos da manhã, tarde e noite. Todos na escola, entre servidores e alunos, esforçaram-se para a realização de tal atividade pedagógica, que transcorreu de forma muito tranquila, sendo, inclusive, bastante elogiada por profissionais e alunos da instituição.
Segundo o professor de Física Denner Matos, voluntário responsável pela edição e revisão do simulado dos turnos da manhã e da tarde, “é um trabalho muito prazeroso, que engrandece o aprendizado do aluno, e gera uma experiência que será utilizada tanto nas provas de vestibular quanto em concursos públicos; é muito bom contribuir com minha atuação”.
Charlison Landin e Aline Sandes (também do 2º ano, fotografados durante a realização da prova) reiteraram o que fora afirmado pelo professor Denner Matos a respeito da importância dos simulados no que tange ao prévio contato com questões de diversos processos seletivos de variadas universidades, o que gera uma maior segurança durante o processo seletivo real. 







Aline Sandes declarou que “os alunos terão uma base mais sólida para a realização da prova do vestibular.


O aluno Murilo Vidal, do 2º ano, comentou que o nível das provas apresentou concordância com o que fora apresentado nas aulas, e elogiou a atuação dos professores que, mesmo com as complicações decorrentes da greve, trabalharam seus respectivos conteúdos com bastante competência.





E que venha o desfile de 7 de Setembro!

domingo, 23 de agosto de 2009

Blog em reformulação

Momento de renovação, fomentado sobretudo pelo advento do Concurso de Blogs. Teremos muito o que conversar daqui por diante =D