domingo, 27 de novembro de 2011

BEM-NOVO-QUERER


A medida do teu cansaço é o tamanho dos sóis que te queimam a pele
A tua beleza resiste. Guerra de astros como em contos helenos,
mas o que é mais forte vence.
Vence.
Ouve-se violões ao longe, nem tão longe, de ciganos.
Não se distingue o que se canta,
mas o lamento é de bem querer.
Bem te quero e te pergunto quando te cobrirá a água do próximo inverno,
que virá sem neve, como os outros.
A imensidão de teu corpo é menor que a palma de uma criança.
Ciganos aproximam-se.
Quero me esconder no meio de tuas folhas, porque um dia lá estive. Ao menos por um dia cinzento.
Toque-me no tempo certo da noite que nunca chega,
com esta pele queimada por vários sóis em fúria.
Então esperarei baixarem as águas novamente.

(poema do ano de 2004, não me lembro o mês)