Double
trouble. Ironicamente, era a música tocada no aparelho de som do carro, quando tocou
seu telefone.
-
Alô.
-
Já tá chegando?
-
Onde?
-
Você não marcou comigo, criatura?
- É
mesmo. Já tá aí?
-
Qualquer lugar em que eu esteja é aqui, para mim.
-
Você entendeu. Espera, tem uma outra chamada aqui. Alô.
-
Você não vem mais?
-
Sim, vou sim, só estou resolvendo um problema, mas chegarei em vinte minutos ou
menos.
- Não
demore.
-
Oi, voltei.
-
Onde a gente marcou mesmo?
- No
posto de gasolina. Deixo o meu carro aqui e vamos no seu.
-
Em que posto mesmo? Espera, outra chamada aqui.
-
Estou com pressa, você não vem?
-
Vou, vou sim. Onde marcamos mesmo?
-
Na frente da casa da minha vizinha, que é para não gerar suspeitas.
-
Ok.
- Não
demore.
-
Alô, voltei. Em que posto você está?
-
Posto? Não tô em posto nenhum, tô em casa.
-
Ok, ok. Tô indo praí.
-
Não, não vem. Não tem como a gente se ver agora. Liguei pra avisar.
-
Tá, tá.
-
Oi, alô.
- O
frentista já veio aqui umas duzentas vezes perguntar se quero álcool ou
gasolina.
-
Já combinou com a tua vizinha?
-
Que vizinha?
- Nada, estou ficando doido. Já estou a caminho.
Só atender um telefonema aqui.
- A
vizinha perguntou se você pode passar na loja de conveniência do posto e
comprar sorvete pro filho dela.
-
Claro, claro. Comum ou aditivado?
-
Hã?
-
Já estou a caminho. Alô, estou de volta.
-
Tudo bem. Está com as flores?
- Que
flores?
-
Esqueceu que vamos a um velório?
***