quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PARA O TEU OUTONO

O alarme de todos os dias

Grita-me.

Grita-me

O que devo e o que não devo.

Tenta abrir meus olhos

Que não ouvem,

Não neste poema pequeno.

 

O poema diminuiu.

Dói-me o espaço

De cento e quarenta caracteres do poema.

Dói-me a higiene do abraço ausente,

Dói-me o ódio da multidão sem corpo.

 

O alarme grita-me o que não devo.

O que não devo?

Digo o que não devo.

Não devo me contentar com as folhas secas

Do teu outono que precede o inverno de lençóis sozinhos.

Para mim

Mais é a umidade daquele verão

E das sementes lançadas

Na terra

Que arei com dedos e unhas curtas

 - A terra que tomei.

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