domingo, 17 de outubro de 2010

O LADRÃO E O LADRÃO?

DELEGADO: como assim, você colidiu com um carro, desceu do seu e roubou outro para se vingar?

ACUSADO: não roubei, doutor. O motorista do outro veículo me apontou uma arma, mandando descer do meu carro. Como eu estava apressado, utilizei a viatura abandonada pelo meliante para chegar ao meu destino, quando fui abordado pelos policiais, que me informaram ser o carro que eu dirigia produto de furto. Agora estou aqui.

DELEGADO: Então você roubou um carro que já era um carro roubado?

ACUSADO: Como já disse, doutor, não roubei nada. Só dei azar de conduzir um veículo subtraído de seu dono original por um terceiro.

DELEGADO: você vai me dizer que também não sabia que o “seu” carro também era roubado?

ACUSADO: doutor, isso é uma acusação muito grave.

DELEGADO: eu sei. E os policiais que prenderam o “ladrão” do seu carro só o fizeram por causa da denúncia de roubo, que partiu do dono, e, a menos que você se chame Josefa D’Alma Avelar, é suspeito.

ACUSADO: doutor, Josefa é minha mãe. Chamo-a de mamãe Jô.

DELEGADO: mãe? Então você é um temporão e tanto, porque dona Josefa tem setenta e cinco anos.

ACUSADO: doutor, sou filho adotivo, de papel passado e tudo.

DELEGADO: seu nome consta no sistema como João de Jesus dos Santos.

ACUSADO: doutor, o senhor sabe que a informática tem suas limitações.

DELEGADO: cabo, por favor, relate os fatos, que estou cansado dessa embolada.

CABO: pois não, doutor. Os acusados envolveram-se em um acidente de trânsito. Ambos conduziam carros roubados. Após a colisão trocaram de veículos e fugiram para direções opostas, sendo presos em setores diferentes da cidade, e trazidos aqui para a DP.

REPÓRTER: o senhor roubou um carro e bateu em um carro que também era roubado, e teve o carro roubado pelo ladrão que dirigia o outro carro roubado, e em seguida roubou o carro abandonado pelo homem que roubou o carro roubado que o senhor dirigia, e está preso na mesma delegacia que o homem que roubou o carro roubado do senhor?

ACUSADO: isso é uma acusação muito grave, doutor. Como relatei ao delegado, não roubei nada. Só dei azar de conduzir um veículo subtraído de seu dono original por um terceiro, que se evadiu do local utilizando o automóvel pertencente ao alheio que eu conduzia. Em outras palavras, doutor, sou inocente.

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