quarta-feira, 14 de abril de 2010

UMA TAÇA NA NÉVOA


Ela, que poderia dizer de si amar bem mais do que seu próprio coração,
Ergueu os olhos agora vermelhos
Pelo cloro que em vão tentara higienizar a água suja que fluía chuveiro abaixo.
Lavou os cabelos com o xampu barato comprado horas atrás
E pensou em onde estaria e o que fazia seu amar.
Enrubesceu.
Não se sabe se de ciúme ou de desejo ou de vergonha.
A taça beirava o partir entre mãos trêmulas de adolescente,
Então caiu.
 
A água parou seu fluxo.
 
Silêncio de gotas teimando em pingar.
 
Vapor de respiração felina.
 
Taça partida.
 
Imagina no espelho nevoento o próximo desenho que fará
Nos seus cabelos amaciados pelo xampu barato.
Nada faz.
 
Sorri e parte. Apenas.
(Marabá, 14 de abril de 2010)

Nenhum comentário: